Por Nicolás de Cárdenas
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13 de jun de 2025 às 12:37
A Conferência Episcopal Espanhola (CEE) incentiva a vida contemplativa, cuja presença na Espanha diminuiu significativamente, com 20% menos mosteiros e 30% menos mosteiros de clausura desde 2013.
Segundo dados divulgados nos relatórios anuais da CEE dos últimos anos, em 2013 a Igreja na Espanha tinha 865 mosteiros e 10.899 monges e freiras contemplativos.
Ao longo dos anos, ambos os números têm diminuído de gradual mas constantemente, especialmente no número de mosteiros, que eram 703 em 2023. O número de contemplativos teve um saldo negativo superior a 3 mil, chegando a 7.664.
Por ocasião da Solenidade da Santíssima Trindade, celebrada no próximo domingo (15), a CEE celebra o dia Pro Orantibus sob o lema "Rezar com fé, viver com esperança". Em sua mensagem, os membros da Comissão Episcopal para a Vida Consagrada dizem que a oração pessoal e comunitária, feita "com fé sincera", leva à descoberta de Cristo "como o bem maior, como a esperança que nunca desilude".
Assim, numa vida sustentada pela oração, não há espaço para “apatia, rotina ou desespero, mas seu fruto é justamente uma vida enfrentada com esperança, com plena confiança no Senhor”, dizem os bispos.
Concentrando-se naqueles que abraçaram a vida contemplativa, eles enfatizam que continuam sendo necessários "como faróis que iluminam o caminho dos homens e mulheres do nosso tempo, e especialmente da Igreja".
“Precisamos que vocês ouçam os medos e as esperanças, as alegrias e os sofrimentos do nosso mundo e da Igreja, e os confiem a Deus. A sua oração fiel e sustentada, a sua esperança vivida contra toda esperança, dá força a vocês e a nós, e é o nosso encorajamento na oração e na expectativa definitiva de Cristo, vivo e glorioso”, dizem os bispos.
Como parte do material de preparação para este dia, a CEE tem vários testemunhos que sobre essa vocação essencial na Igreja.
A irmã cisterciense María Pilar Avellaneda, do mosteiro da Encarnação em Córdoba, destaca a necessidade de “acolher o dom de Deus, reavivá-lo, cuidá-lo e, para isso, cultivar uma vida de oração, momentos tranquilos de adoração, de encontro orante com a Palavra, de diálogo sincero com o Senhor, porque as tarefas facilmente perdem o sentido, nos debilitamos diante do cansaço e das dificuldades, e o fervor se esvai”.
A ponte pênsil da esperança 6j2w2g
O frei Miguel María Vila fala sobre sua experiência de vida contemplativa no mosteiro cisterciense de San Isidro de Dueñas, em Palência. Ao entrar, "surge uma sensação vertiginosa ao ver o vazio entre o que se deixa para trás e o que se abraçará", mas diante do medo e da incerteza, "a ponte pênsil da esperança se estende até o vazio", diz ele.
“Com o ar dos anos, essa virtude teologal atua na vida contemplativa, de modo que o claustro deixa de ser o lugar perfeito, mas se torna o lugar onde me aperfeiçoo na caridade, na paciência e na misericórdia para comigo mesmo e para com os outros”.
Dessa forma a ilusão se transforma em esperança”, diz o irmão Miguel. “Mas essa transformação implica renunciar aos ídolos deste mundo, como o sucesso e o imediatismo. Essa ação da graça também requer a nossa colaboração”.
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Escada de luz 2not
O vigário-geral para a Vida Consagrada de Vitoria-Gasteiz, padre Manuel Gómez-Tavira, destaca que "a vida contemplativa é, desde os primórdios do cristianismo, uma das formas mais eminentes de seguimento de Cristo" e que, por isso, se estabelece como uma "escada de luz e oração dentro das dioceses".
Para ele, “a oração e a solidão dos contemplativos fortalecem o ministério pastoral e a evangelização dos bispos, dos sacerdotes, da vida religiosa e dos leigos”.
Ao mesmo tempo, mosteiros e conventos "muitas vezes se tornam refúgios espirituais dentro das dioceses, oferecendo espaços de retiro, escolas espirituais, acolhimento de peregrinos e direção espiritual", de modo que sua existência "seja complementar e alimente espiritualmente a ação evangelizadora da diocese".
Na opinião do padre Gómez-Tavira, "é muito importante que os bispos fomentem a sua presença nas dioceses e promovam o vínculo entre as comunidades de clausura e a vida pastoral". Nesse sentido, conclui: "Nas dioceses, são indispensáveis porque a sua presença fortalece a vida espiritual, proporcionando um apoio insubstituível ao trabalho pastoral e oferecendo aos fiéis um testemunho vivo de Deus no nosso mundo".
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A irmã carmelita descalça María Amata di Gesú, do mosteiro de Toro, fala sobre sua experiência no congresso vocacional promovido pela CEE no início do ano com o lema "Para quem sou eu?"
Como resultado dessa experiência, a religiosa contemplativa diz que “este não é mais o tempo da Igreja triunfalista que atrai adeptos em massa, que se impõe à sociedade, que emerge através de suas estruturas”.
Consequentemente, a Igreja “precisa que os cristãos sintam a forte responsabilidade e a tarefa de serem pedras vivas, comprometidas na construção de um edifício espiritual” diante de uma mudança radical no cenário.
“As comunidades estão diminuindo e empobrecendo até desaparecer, as igrejas estão se esvaziando e há falta de sacerdotes”, diz María Amata di Gesú. Este é um mundo “que não deve ser visto como um inimigo a ser combatido, mas sim como um terreno fértil para dar fruto”.
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Nesse contexto, a religiosa diz que a vida de oração “não se faz só com intercessão e súplica, mas deve saber viver o esforço de permanecer no Seu amor, mesmo quando não vemos sentido, quando o cansaço nos toma, quando não vemos frutos”.
“A vida contemplativa faz parte da Igreja e, como tal, a sustenta, mas também precisa ser sustentada e salvaguardada”, disse a religiosa.
Nicolás de Cárdenas é um jornalista espanhol especializado em informação sociorreligiosa. Desde julho de 2022 é correspondente da ACI Prensa na Espanha.